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Excessos

Livro: Excessos - Maria Cristina Bahia | Melhor Companhia para o Natal

Chuva intensa em São João del-Rei. Internet desconectada, esta que deixa de pegar com um vento qualquer. Cada trovão um pulo: não tenho medo! São os gritos vindos da cozinha, "tira esse computador da tomada se não vai queimar!", que me assustam. 25 de dezembro, eu não comemoro nada. Queria aproveitar o feriado para levantar da cama e pelo menos dar uma caminhada pelos morros do meu bairro, ficar em forma e largar mão dos pensamentos destrutivos. Com chuva? Não posso. Eu, que costumo resfriar com uma brisa a mais nas bochechas, não suporto a ideia de passar os últimos dias do ano gripada. Ler, por que não? Os livros que quero ler costumam ficar ao lado da minha cama, porque sim! Para 2018 planejei a releitura de Inferno de Dan Brown e Morangos Mofados de Caio Fernando de Abreu, tenho planos de ler Crime e Castigo de Dostoiévski, bem como Todos os Contos da idolatrada - por mim, pelo menos - Clarice Lispector. Em meio a esses títulos encontra-se Excessos, de Maria Cristina Bahia, o qual escolhi como companhia para esse dia excessivamente nublado, chuvoso e cheio de impedimento para meus planos. Resolvi, então, ler. Ler não exige tomada, não exige internet ou computador, então, lerei! E como uma leitora que lê de tudo - a julgar pelo gosto por best sellers e pela fascinação por clássicos da literatura - não consegui me conter, e devorei!

É possível que o título tenha sido colocado por um motivo específico, que eu sei lá qual é, só posso supor. Para mim ele é o reflexo de mim após a leitura. É a maneira como abordei o texto. Não dá para ser menos que inteira! Sangrei junto, ao me deparar com o primeiro título; também não entendi porque Ida se matou, se ela brincou de se matar; senti o frio percorrer a espinha com a imagem dos camundongos, frutos de uma possível alucinação (não eram!); acredito que Arcanjo Gabriel era o Tonho da Zinha, porque era ele que faltava no Juízo Final e de onde mais poderia vir esse tal anjo? (Ai, meu ateísmo!); sofri pela mãe e pelo filho, aqueles violentados por uma frase; percorri mais um dia, como outro qualquer, cheio dos seus segredos e medos do inusitado revelado; identifiquei-me com a figura da alma perdida; imaginei as maravilhas do som do violino, o qual me encantou e segurou meus pedaços em forma de folha de cerejeira, eu era as folhas de cerejeira, e maravilhei-me sem nem mesmo ouvir uma nota, tamanha a beleza da descrição; achei a Gracinha, aquela "feia, gordinha e sem graça" um mulherão; gostaria de saber o desfecho da história de Norton e sua namorada - futura esposa; apaixonei-me pela história de Carla, que vem nos contar sobre poliamor e algo mais; consegui provar as quatro doses de uísque, sem colocar um pingo da bebida na boca; senti os olhos negros de Daniel em mim também, e a minha indignação com a realidade implacável, a qual insiste em perpetuar as estatísticas das vidas sem identidade. "Muitas vezes nos perguntamos em que momento nossa vida muda, ou em que instante algo inesperado abre um caminho desconhecido. Pois foi este o momento.". Um convívio rápido durante os dias intensos de trabalho do Festival Artes Vertentes, proporcionou esse momento gostoso meses depois. Uma autora cujo livro invadiu minha pequena biblioteca e trouxe tamanha alegria para o meu dia de Natal, deve ser citada e aplaudida sim! Afinal, aguardo ansiosa por mais de seus Excessos!

- 25 de Dezembro de 2017 -

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