Joana é uma garota alegre e bela aos olhos de quem a cerca. Sempre sorri, dedica-se como ninguém a tudo que faz, pode não se arrumar tanto, mas é bela por natureza.
Joana tem um problema, que nem ela mesma entende.
Quando alguém diz:
_ Você é bela! - na melhor das intenções, ela ouve outra coisa.
É como se ela não conseguisse ouvir um elogio sem desconfiar dele ou duvidar de sua verdade.
Então Joana vai até o espelho e vê sua imagem refletida.
Onde vêem um sorriso aberto e sincero, ela vê um pedido de socorro.
Onde veem olhos lindos como o céu da primavera, ela vê um mar de águas turvas e turbulentas.
Onde veem um rosto belo e tranquilo, ela vê a deformação que seu estado de tristeza interior reflete.
Joana se olha no espelho e não se reconhece. Vê suas fotos e sabe exatamente qual sorriso era de alegria ou não, sua real emoção.
Joana é linda de verdade, uma beleza exterior tão única quanto sua personalidade. Entretanto, sua força está se dissipando e o que os outros veem é a sombra do que um dia ela foi.
Joana não se vê como deveria, o cérebro maltratado pelos pensamentos não consegue enxergá-la como o espelho e eu.