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Como está o seu horizonte?

Dia primeiro de janeiro de 2018, estava sentada com minha irmã e minha amiga na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte-MG. Tudo estava iluminado - e quem me conhece sabe que amo luzes -, de uma forma encantadora. Haviam várias e várias pessoas passeando por lá, tirando fotos, reunindo-se com as pessoas amadas, vendo o Papai Noel, fazendo um ensaio fotográfico romântico ou simplesmente praticando suas atividades físicas diárias.

Praça da Liberdade, Belo Horizonte-MG

O clima de ano novo ainda estava no ar: algumas pessoas de branco, outras ainda comemorando a virada. E eu ali, observando a tudo, sem prestar muita atenção em algo específico, percebendo as reações, sentimentos, cores e luzes.

Quando avisto, vindo do lado esquerdo da praça, um casal jovem e sorridente acompanhado de um menininho de no máximo 2 anos de idade. O menininho estendia seu dedo firme em direção ao seu objetivo, como quem percebe a terra à vista no meio de um oceano. Sigo a direção do seu dedo e ele aponta para uma viatura da polícia, a qual dois policiais estavam dentro.

Curiosa, continuo a prestar atenção e me concentro na cena a minha frente. Os policiais recebem a família, abrem a viatura para que a criança conheça, tiram fotos com o garoto e conversam receptivos com a família.

Descubro, então, que o menininho de dedo decidido queria chegar perto dos policiais porque sonha em ser um quando crescer.

A cena da vida real me toca de forma significativa, comove e me faz pensar: quando é que estreitamos nossos horizontes?

Quando criança temos curiosidade, nos encantamos facilmente por coisas que podem parecer até bobas, mas que são significativas naquele momento. Queremos ser lixeiros, porque achamos incrível quando eles saltam dos caminhões em movimento para fazer a coleta do lixo; ou queremos trabalhar para os correios só para conhecermos todos os lugares da cidade e seus endereços.

Queremos ser apresentadores de TV ou cantores - mesmo não levando jeito para nenhuma das duas coisas - só para aparecer na mídia e ter uma legião de fãs. Queremos ser caixa de supermercado para poder ver gente diferente à todo momento e fazer contas para dar algum troco.

Sonhamos em ser professores porque amamos algum professor ou professora que nos ensinou aquela matéria complicada com sorriso no rosto. Sonhamos em ser super-heróis para poder salvar o dia ou a vida de alguém, como bombeiros, policiais, enfermeiros…

Escrevemos e somos escritores, desenhamos e somos estilistas, tocamos nossa bateria de panelas e somos musicistas, brincamos de boneca e já nos transformamos em roteiristas… Imaginamos mil e uma possibilidades para um futuro ainda distante, mas que de uma forma ou de outra começa na infância.

E é nessa fase que já somos podados, moldados e estreitamos nossos horizontes. Seja por influência da família, amigos ou escola. Somos forçados a acreditar que medicina, advocacia e engenharia que são profissões de pessoas “bem sucedidas”.

"Jornalismo? Pedagogia? Enfermagem? Para quê? Você é tão inteligente, porque não estuda para ser médico, advogado?”

E a partir daí passamos a acreditar que uma vida feliz está ligada a uma carreira específica, a títulos, status e conta bancária. Como se houvesse uma fórmula única para a felicidade.

Volto do meu devaneio para a praça. Vejo aquele pai e aquela mãe felizes por incentivar aquele menininho, por naquele dia realizar um pedacinho do sonho dele.

Não torço para que aquele menino seja um policial só porque era o que queria na infância, até porque ele é muito novo e pode se encantar depois por outras profissões. Torço para que aqueles pais nunca coloquem um cabresto nos sonhos do seu filho, que mesmo depois de crescido e ele ainda quiser ser um policial, que seus pais o apoiem na escolha e o futuro homem seja feliz se descobrindo na realidade daquela profissão.

E o seu horizonte, como está?

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