Ainda me olho no espelho estranha… Esse corpo maior e mais velho não parece muito com o de algumas piscadas atrás.
Há pouco corria sem preocupações. Meus joelhos, hoje cicatrizados, estavam constantemente em carne viva e sangue, denunciando minha falta de equilíbrio, excesso de velocidade e tardes inteiras em cima de uma bicicleta.
Logo as dores de um arranhão foram sendo substituídas por outras, no corpo e na alma. Preocupações que iam muito além da mochila que usaria no novo ano letivo ou qual a brincadeira escolhida para o final de semana.
E tudo isso foi num piscar de olhos.
As transformações no corpo são percebidas facilmente, mas exige certa concentração. Até porque, já adulta, parece que nasci assim: grande, preocupada, com as primeiras marcas de expressão aparecendo.
A imagem da criança só é possível através das fotos. Os traços são meus, mas o sorriso parece ser de outra pessoa.
E tudo isso parece que foi quase ontem. Já é ano de Copa novamente, já passaram os 21 dias contados na cartela, uma graduação já se concluiu, me mudei novamente e mudou minha forma de ver o mundo. As preocupações cresceram junto comigo e parecem ser até maiores do que meu 1,64 de altura.
Mais um aniversário, novas expectativas orientam meu caminho, mas sinto falta do quase ontem que se foi.
Queria crescer para ter boa parte do que já conquistei. Agora, se pudesse, faria o tempo voltar e passar mais lentamente. Daria pause nos melhores momentos.
Esperaria o que é meu, simplesmente, chegar...
