Nasci.
E me registraram com um nome que acredito combinar comigo. Um nome forte, bonito e que impõe certo respeito. Meus apelidos até podiam variar, mas ser chamada pelo nome era o maior carinho que eu poderia receber.
Cresci.
E fui para um lugar onde aprenderia a, enfim, deixar meu nome registrado por vários lugares, começando pelo papel. Não tive dificuldades para aprender a desenhar meu nome, até porque não era um nome com pronúncia estrangeira, ou exagero de letras. E mesmo o seu "H" no final dava um charme que outras xarás desejavam ter e até acrescentavam quando possível.
A partir daí, a única dúvida que tinha era da pronúncia correta, já que tinha um acento no início (destacando a sílaba tônica) e o meu querido "H" no final (que também poderia trazer a tonicidade para o final). /débora/ ou /deborá/?
Uns diziam que se tinha acento não deveria ter "H" e, consequentemente, se tinha "H" não deveria ter acento. /débora/ ou /deborá/? Para mim e por aprender assim e pelos outros me chamarem assim: /débora/.
E continuei a amar meu nome, deixei de lado essa dúvida boba. "Déborah com acento no 'E' e 'H' no final".
Assim fui levando a vida...
Algumas semanas atrás fui pegar o meu diploma e a pessoa que me atendeu disse: "Confira se seu nome está escrito corretamente, para que não haja erro".
Logo, procurei o meu Déborah com acento no 'E' e 'H' no final. E, além de não ter acento no "E", meu segundo (e odiado) nome estava acentuado. Que estranho!
"Moço, meu nome está errado" - avisei.
"Ele está escrito conforme sua certidão de nascimento. Vou buscá-la e a gente confere" - respondeu calmamente.
Tudo bem, mas ESTÁ errado, pensei comigo.
Quando ele volta e me mostra a certidão, o susto foi grande. Meu primeiro nome nunca teve acento e o diploma estava correto. Quase pedi uma cadeira para sentar. Como assim aprendi meu nome errado?
Não só a escrita mudou como a pronuncia tambem. Agora é /deborá/.
E depois de grande tenho que reaprender a desenhar meu nome e explicar como se escreve. Como em uma dupla personalidade, estou me acostumando a conviver com o /deborá/, sem acento e "H" no final.
Pelo menos o "H" estava ali, desde o início.